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Ai de ti, Cuiabá

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Por Eduardo Mahon

Na corrida, o cavalo paraguaio sai na frente e, após a primeira volta, acaba cansando. Foi assim na disputa pela prefeitura da capital. Mauro Mendes fez bem e fez mal. Retirou-se e isso é bom. Reeleição não dá certo em terras tupiniquins. Retirou-se por falta de alternativa e isso é mal. Tentou rifar a vice prefeitura, alardeando aos quatro ventos que precisava de dinheiro. Afinal de contas, em tempos de recuperação judicial, a maré não está pra peixe. É incrível como nenhuma linha foi gasta em perfil político. A questão era mesmo o dinheiro. De qualquer forma, o recuo pode ser uma bola dentro ou um tiro no pé. Vejamos: o próximo prefeito pode ser do grupo do atual, levantando a bola para uma futura candidatura a governo ou ao senado. No primeiro caso, vai brigar contra o amigo, camarada, irmão, aliado Pedro Taques; se o próximo alcaide for da linha contrária a Mauro Mendes, este terá mais dificuldade a disputar qualquer cargo eletivo. Enquanto todo mundo bate cabeça e cuida da vida de Mauro Mendes, o que será dos assessores que se demitiram em busca do sonho de compartilhar o poder?

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De toda a sorte, Mauro Mendes fez uma administração que não foi um desastre. Isso é bom. O cuiabano já estava se acostumando com tragédias. Há muita promessa, porém, que não foi cumprida pelo ex-mega-empresário. O atual prefeito foi obrigado a passar o chapéu para conseguir iniciar as obras do hospital que parece encantado. Instituiu a indústria de multas na capital e lançou um bom programa de asfaltamento urbano. Tem sentido. Andar mais rápido e levar mais multa. Deixou de cuidar de muita coisa, porém: educação, saúde, luz, esgoto, água e mobilidade urbana. Ou seja – quase tudo. Sim, senhor. Sim, senhora. Não vamos nos esquecer das obras da Copa. Mesmo tendo tirado o time de campo, Mauro Mendes mostrava-se parceiro de primeira hora do ex-governador Silval Barbosa. Nas fotos, ele estava lá sorrindo. Longe das fotos, a administração municipal licenciava os descalabros mal-ajambrados. No entanto, o atual prefeito teve habilidade política para não colher os ônus políticos da parceria.

Quem está passando um carão é o PSDB. Gosto do partido. A social-democracia tem a minha total simpatia. Trata-se de uma experiência política que freia o capitalismo liberal para equilibrar o jogo, marcadamente na área social. Não é nem ultraliberal, nem socialista. É a solução de equilíbrio, posicionando o Estado do tamanho certo: nem hipertrofiado, nem subutilizado. É uma pena que, mesmo com o Governador de Mato Grosso e com o Presidente da Assembleia Legislativa, a agremiação não tenha a competência de ter trabalhado um projeto próprio para nossa capital. Uma candidatura não se constrói nos últimos três meses. Isso sim é a receita para o fracasso. Os tucanos trouxeram avanços, identificam-se com a cuiabania, mas estão traumatizados pela péssima avaliação da última experiência. Poderiam se redimir nesse momento de profunda crise financeira nacional. Deveriam fazê-lo. Mas não querem ou, pior, não podem.

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É curioso o cenário mato-grossense: enquanto o PMDB tem um único suserano para centenas de vassalos a espera de uma boquinha, o PSDB tem muito cacique gordo pra pouco índio raquítico. É lamentável ambos os tipos de concentração. Mas pior mesmo é a perda de uma oportunidade de aglutinação popular, de apresentação de um projeto próprio de administração municipal. Partido sem candidato desaparece. Partido sem militância morre. Partido sem projeto não é partido político e legenda de aluguel, onde a conveniência faz surgir uniões tão inverossímeis quando inaceitáveis.

Coitada de Cuiabá. Às vésperas dos 300 anos, não há um cristão que deixe o próprio umbigo para olhar para a cidade. Precisamos urgentemente resolver a demanda represada em saúde, dobrar os índices de qualidade em educação, aprofundar a intervenção em mobilidade urbana, resgatar o centro histórico, aterrar essa ultrapassada fiação aérea, encontrar a vocação do turismo histórico, gastronômico, criativo para uma cidade tricentenária. Ou seja, devemos sair da mentalidade do loteamento para ingressar na identidade de metrópole. Isso ninguém diz. Só vejo falarem em vice. No nome do vice. No dinheiro do vice. Portanto, aceitam qualquer um cuja conta bancária possa suportar a campanha. Espero sinceramente que não assinemos em branco esse cheque sem fundo.

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