Formatura histórica: indígenas concluem curso técnico em enfermagem em Mato Grosso

Um marco na educação indígena será celebrado em Mato Grosso, onde mais de 130 alunos indígenas, pertencentes a 27 etnias, receberão seus certificados de conclusão do curso técnico em enfermagem pelo Centro Educacional Interdisciplinar do Brasil Técnicos (CEIBTEC), com sedes em Cuiabá e Várzea Grande. As formaturas das quatro turmas, que acontecerão nas Aldeias Indígenas, iniciam no dia 20 de dezembro, destacando um passo significativo para a inclusão educacional e o fortalecimento das comunidades indígenas no país.

Com duração de dois anos e carga horária de 1.600 horas, o curso foi desenvolvido em um modelo híbrido: parte das atividades foi realizada nas aldeias dos alunos, enquanto outra etapa, incluindo o estágio técnico, ocorreu nas sedes da instituição em Cuiabá e Várzea Grande. As etnias representadas incluem Ikpeng, Guajajara, Nafukua, Maxipu, Kalapalo, Kamaiurá, Aweti, Yawalapiti, Kuikuro, Waurá, Kaiabi, entre outras.

Educação que respeita as raízes culturais

Segundo o Professor e Doutor José Olímpio dos Santos, diretor-geral da CEIBTEC, esta é a primeira vez que turmas compostas exclusivamente por indígenas são formadas pelo centro. Ele destacou o compromisso da instituição em respeitar as tradições culturais dos alunos, adaptando a estrutura do curso para atender às necessidades específicas de cada comunidade. “Percebemos a capacidade intelectual fantástica deles, mas eles estavam sem oportunidades. Nossa abordagem foi oferecer educação sem afastá-los de sua realidade e cultura. Dividimos as aulas entre o ambiente deles e o nosso, integrando teoria e prática e trabalhando tanto a língua portuguesa quanto as línguas maternas das etnias”, explicou José Olímpio.

Para preservar as raízes culturais dos estudantes, o alojamento durante a etapa na sede do CEIBTEC foi adaptado. Em vez de camas tradicionais, os alunos montaram suas barracas, mantendo o vínculo com suas práticas cotidianas. “Temos a preocupação de não abalar questões emocionais e psicossociais, que poderiam interferir no desempenho cognitivo. A educação deve ser um instrumento de fortalecimento, não de descaracterização”, acrescentou o diretor.

Impacto nas comunidades indígenas

A formação de técnicos em enfermagem é vista como um avanço crucial para a saúde das comunidades indígenas, especialmente em regiões remotas, como o Parque Nacional do Xingu, em Mato Grosso. A presença de profissionais de saúde que compreendem profundamente a cultura e a língua das aldeias é essencial para melhorar o atendimento e promover o bem-estar coletivo.

“A formatura dos alunos indígenas pelo CEIBTEC representa mais do que uma conquista individual; é um exemplo de como a educação pode ser uma ferramenta de transformação social, respeitando e valorizando as culturas originárias. A cerimônia de formatura será, sem dúvida, um momento histórico, reafirmando o potencial das parcerias entre instituições educacionais e comunidades indígenas para criar um futuro mais inclusivo e sustentável”, reforçou José Olímpio.

Além do curso técnico em enfermagem, outras iniciativas educacionais voltadas para indígenas estão em andamento na Faculdade do Centro Educacional Interdisciplinar do Brasil (FACEIB), outra instituição do Grupo Educacional Interdisciplinar do Brasil (IBR). Entre os cursos oferecidos estão pedagogia, bacharelado em administração e gestão pública, reforçando o compromisso do grupo com a educação inclusiva e multicultural.